2017-11-07

Nutrição

Suplementos Nutricionais: aprecie com moderação!

E cá estamos tratando novamente de um tema que jamais sai de moda. A pergunta da vez: “Devo utilizar um suplemento esportivo?” A resposta curta e grossa: Sim! SE você é um atleta de alto nível...

Sem rodeios, vamos à pergunta que não quer calar: “Devo usar um suplemento esportivo?” Ora, se você é um atleta de alto nível, a resposta é sim!

Atletas de diferentes modalidades tendem a se beneficiar do uso de suplementos esportivos, em especial os chamados ergogênicos, que englobam uma (bastante) seleta quantidade de nutrientes (ex.: creatina, tamponantes, cafeína, nitratos) – capazes de melhorar o desempenho físico em exercícios específicos (geralmente executados em laboratório). Mas contenha a empolgação, as ressalvas vêm agora. É importante notar que os ganhos de desempenho advindos desses suplementos, quando presentes, são muito, mas muito pequenos, embora suficientes para fazer toda a diferença entre atletas de alto nível cujo nível competitivo é bastante similar.

Contudo, para os meros mortais que não competem em alto nível – por falta de interesse ou capacidade – os suplementos esportivos não trarão benefícios palpáveis. E por que isso ocorre? Basicamente, porque “atletas” amadores – como gostam de ser chamados – apresentam muitas brechas no seu treinamento e na sua alimentação (sem mencionar a genética, que é assunto para outra hora), que tornam qualquer ganho associado ao uso de suplementos esportivos irrisório ante ao que se obteria caso esses dois primeiros fatores fossem devidamente priorizados.

Gosto muito da pirâmide de prioridades estabelecida pelo Instituto Australiano do Esporte (ilustração do post), entidade que possui um grupo de trabalho exclusivamente dedicado a pensar a nutrição do atleta.

Notem que, em primeiro lugar, na base, encontram-se o treinamento e a alimentação para o bom desenvolvimento do atleta; em segundo lugar, os suplementos e alimentos que favorecem as adaptações ao treinamento do dia-a-dia, com destaque a reidratação e ao consumo de carboidratos e proteínas. Por fim, no topo da pirâmide, estão os suplementos esportivos ergogênicos, que podem conferir – a depender de diversas variáveis (ex.: modalidade, resposta individual, consumo alimentar, efeitos colaterais, efeito placebo, etc) – ganhos da ordem de 1 a 3% no desempenho físico. O uso de suplementos faz sentido para o atleta de alto nível pois este tende a atender as bases mais amplas da pirâmide. Já os amadores depositam suas fichas nos suplementos imaginando, inocentemente, que os suplementos compensarão para um treino medíocre e uma alimentação inadequada para o esporte. É muito comum se deparar com o sujeito que recém-ingressa numa determinada modalidade e, antes mesmo de conhecer sua rotina de treinamento ou o seu plano alimentar, logo questiona o profissional: “Qual suplemento devo tomar?”. Isso representa a total subversão do conceito da pirâmide, em que as apostas estão todas no suplemento esportivo, na busca do caminho mais fácil.

Portanto, suplementos nutricionais podem favorecer o atleta de alto nível, podendo ser para este o fiel da balança, aquela cerejinha que enfeita o bolo. Já aos amadores, recomendaria foco na dieta e no treinamento diários, que costumam apresentar amplas margens de melhora, com repercussões para o desempenho bem mais palpáveis. Via de regra, o suplemento esportivo pode ser relegado a segundo plano, sem prejuízo algum para o desenvolvimento atlético. Poucos realmente precisão recorrer a esse recurso, na medida em que se progride na modalidade. Que me corrijam os bons confeiteiros, mas uma bela receita de bolo não pode começar pela cereja, não é mesmo?

Até a próxima!

Bruno Gualano - Blog Ciência InForma

www.cienciainforma.com.br

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