2015-05-20
Nutrição
Se eu não devo fazer dieta, o que eu faço?
“Quer emagrecer? Fuja das dietas!” Este já foi tema de posts anteriores do nosso blog, onde falamos sobre os diversos efeitos deletérios das dietas restritivas à saúde física e mental, como ganho de peso (muitas vezes muito) superior ao que foi perdido, transtornos alimentares, etc. O problema é que muitas pessoas entendem erroneamente essa informação como “Se dieta faz mal à saúde, então não há outra forma. Vou continuar fazendo tudo o que sempre fiz e paciência”. Entretanto, não fazer dieta não significa que mudanças na nossa alimentação e rotina não sejam necessárias para que possamos emagrecer ou simplesmente ter uma vida mais saudável. Muito pelo contrário. Mas então, se eu não devo fazer dieta, o que eu faço??
Quantos de nós já não emagreceram quilos e quilos fazendo dietas e assim que ela findava, ganhávamos tudo de volta e até um pouquinho mais? Como já explicado em um post anterior do nosso blog, diferentemente do que muitos pensam, a prática regular de dietas restritivas está associada ao maior (e não ao menor!) peso corporal. Dentre os diversos motivos que explicam esse aparente paradoxo, estão a baixa aderência às dietas devido a mudanças excessivas e muitas vezes inatingíveis ou irreais; temporalidade das mudanças, ou seja, rapidamente as pessoas voltam aos hábitos que a levaram a chegar onde estão; e alto risco de desenvolvimento de compulsões alimentares.
Muito bem. Mas se eu não devo fazer dieta, qual a alternativa?
Diferentemente do que muitos imaginam, há (muita!) luz no fim do túnel quando optamos por não fazer dietas restritivas quando o objetivo é perder uns quilinhos, manter os quilinhos perdidos ou simplesmente buscar por uma vida mais saudável. E, claro, isso deve envolver mudanças. Contudo, a atenção deve ser focada em como o paciente poderá e conseguirá fazer mudanças que sejam mantidas pro resto da vida. Simplesmente dizer “você deve seguir determinada dieta e fazer exercício” não é suficiente. Se fosse, não teríamos prevalência crescente de obesidade no mundo todo. Para que mudanças sejam sustentáveis, elas devem fazer sentido para o indivíduo.
Pense na seguinte situação: Seu paciente diz para você que todos dias come um pedaço de bolo de chocolate. Como ele quer emagrecer, isso chama sua atenção. Logo, você pensa no óbvio e diz para ele que ele não pode mais comer este bolo, pois ele é rico em calorias e, como ele quer emagrecer, ele precisa “cortá-lo” da sua dieta. Mas o que você não sabe, é que ele come bolo de chocolate todos os dias porque a avó dele, que foi quem o criou, fazia bolo de chocolate quando ele era pequeno sempre que ele estava triste. Logo, isso remete a uma memória terna da sua infância. Com isso em mente, você acha mesmo que ele irá seguir sua recomendação? É provável que ele nunca mais retorne e desista de vez de fazer qualquer mudança na sua alimentação. Não seria mais prudente pensar em outras alterações mais plausíveis e sustentáveis dentro da realidade daquele paciente, de modo a favorecer a perda de peso, mesmo que isso ocorra de forma mais vagarosa?
É neste momento que a nutrição comportamental entra em ação. Dentro desta linha, diversas são as estratégias propostas que buscam melhorar o relacionamento do paciente com seu corpo e com o alimento, facilitando a adesão a mudanças sugeridas que devem ser reais e atingíveis para o paciente. Diversas dessas estratégias, que incluem a reconexão com a fome, comer simples, entender que não há alimentos “bons” e “ruins”, comer com atenção, valorizar e saborear os alimentos, dentre outras, são abordadas no livro “Dieta ideal” pela Dra. Desire Coelho, e serão assunto de posts futuros no nosso blog. Outras excelentes referências sobre o assunto também podem ser encontradas abaixo!
Até a próxima!
Fabiana Benatti - Blog Ciência inForma
www.cienciainforma.com.br
Para saber mais:
Atalla M, Coelho D. A dieta ideal: sem mitos, sem milagres, sem terrorismo. 1ª edição. São Paulo: Paralela, 2015.
Kausman R, Bruere T. If not dieting, now what? Aust Fam Physician. 2006 Aug;35(8):572-5.
Website do Dr. Rick Kausman: www.ifnotdieting.com
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