2015-03-30

Nutrição

Bifinho para ficar fortinho!

Rotular um alimento como “vilão” ou “mocinho” é uma prática muito comum. E, nos últimos anos, a “vilã” da vez tem sido a carne vermelha, associada, por exemplo, a cânceres e doenças cardiovasculares. Há evidências, no entanto, que a carne vermelha também tem suas qualidades. Para aqueles idosos que enfrentam perda de massa muscular e força, um bifinho pode ser uma boa ideia...

Este post é para os amantes de uma boa carninha vermelha. Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores australianos investigou os efeitos do aumento da ingestão proteica, por meio da ingestão de carne vermelha, em 100 idosos residentes em 15 diferentes asilos.

Os voluntários foram distribuídos, aleatoriamente, em 2 grupos: (1) “Proteína”, no qual consumiam 1,3g/Kg/d de proteína, com a adição de um bife magro grelhado de 180 g, 6 vezes por semana; ou (2) “Controle”, no qual mantinham o consumo habitual de proteína de 1,1 g/Kg/d, com a adição de macarrão ou arroz, em vez da carne vermelha. Ambos os grupos realizaram um programa de treinamento de força 2 vezes por semana.

Após 4 meses de intervenção, o grupo que recebeu a carne vermelha apresentou maiores ganhos de massa magra e força muscular do que o grupo Controle. O grupo que consumiu o bife também teve um aumento no IGF-1 circulante (fator de crescimento associado ao ganho de massa muscular) e redução nas concentrações de IL-6 (um marcador de inflamação). É importante ressaltar que nenhuma alteração na pressão arterial ou no perfil lipídico (colesterol, HDL, LDL, VLDL e triglicérides) foi constatada.

A força e a massa muscular são normalmente reduzidas em populações idosas, resultando num quadro clínico conhecido como fragilidade, o que, por sua vez, predispõe essa população a uma pior qualidade de vida e a um risco aumentado de mortalidade. Tanto o treinamento de força (como visto aqui) quanta a ingestão aumentada de proteínas parecem favorecer a recuperação da força e da massa muscular. Nesse sentido, a carne magra vermelha pode ser uma boa alternativa alimentar. Além disso, a carne é uma ótima fonte de creatina, substância também capaz de promover efeitos hipertróficos.

Portanto, enxerguem os alimentos sem preconceito, evitando rotulá-los como “bons” ou “ruins”. Em combinação a um programa de treinamento, um bifinho parece não ser aquele “vilão que pintam por aí...

Até a próxima!

Bruno Gualano - Blog Ciência Informa

www.cienciainforma.com.br

Para conhecer mais sobre o tema, leia:

Daly RM et al. Protein-enriched diet, with the use of lean red meat, combined with progressive resistance training enhances lean tissue mass and muscle strength and reduces circulation IL-6 concentrations in elderly women: a cluster randomized controlled trial. Am J Clin Nutr. 2014 Apr; 99(4): 899-910

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Nossos Colaboradores

Prof. Bruno Gualano, PhD
Prof. Associado da Universidade de São Paulo

Profa. Desire Coelho, PhD
Nutricionista Clínica e Esportiva

Profa. Fabiana Benatti, PhD
Professora Doutora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp

Prof. Guilherme Artioli, PhD
Prof. Dr. da Universidade de São Paulo

Prof. Hamilton Roschel, PhD
Prof. Dr. da Universidade de São Paulo