Vida e Saúde

Procedimentos estéticos como drenagem linfática, criolipólise e carboxiterapia emagrecem?

Essas técnicas são comumente vendidas como métodos eficazes de emagrecimento. Será mesmo?

Conforme texto do Prof.
Guilherme Artioli publicado nesta semana (para ler, clique aqui), para
emagrecer, precisamos oxidar, ou seja, “queimar” a gordura. De um modo geral, ela pode estar circulante ou armazenada no tecido adiposo na forma de um
triacilglicerol, molécula composta de três ácidos graxos e um glicerol. Para
oxidarmos completamente esses ácidos graxos, são necessárias 4 etapas.

1 – Lipólise: quebra do triacilglicerol e consequente liberação das moléculas de ácidos
graxos para a circulação. Esse processo ocorre principalmente por estímulo do
hormônio adrenalina;

2 – Transporte: a
molécula de gordura deverá ser transportada até o tecido muscular;

3 – Entrada na célula muscular:
através de um mecanismo de transporte presente na superfície da célula
muscular;

4 – Entrada na
mitocôndria: uma vez dentro da célula muscular, a gordura precisa ainda entrar
na mitocôndria, organela responsável por sua oxidação. Para isso, é necessário
um mecanismo de transporte complexo e facilmente saturável. Uma vez dentro da
mitocôndria, a gordura será oxidada. 

Como pode ser percebido, para que ocorra a
“queima” de gordura e consequente emagrecimento, é preciso que haja um estímulo adequado o suficiente para
ativar todas essas etapas. Agora, voltando à pergunta inicial, você acha que
algum dos procedimentos citados faz isso?

A drenagem linfática é
uma técnica de massagem cujo principal objetivo é estimular o sistema
linfático, responsável pela remoção de fluídos em excesso. É comum ouvir
pessoas dizendo que com essa massagem elimina-se gordura pela urina, mas
atenção: se alguém lhe disser isso, corra! Se você eliminar gordura pela urina,
significa que seu rim está danificado e você precisa procurar um médico
urgente!!!

A carboxiterapia é um
procedimento estético que envolve a aplicação de injeções de gás sob a pele,
que destruiria as células de gordura, e a criolipólise teria seu efeito através
do congelamento. Caso esses procedimentos consigam esse efeito, ou a gordura será liberada na circulação - mas
se não houver demanda para sua oxidação ela será estocada novamente no mesmo ou
em outro depósito de gordura, ou até mesmo pode acabar infiltrando em outros
tecidos, o que pode ser prejudicial para a saúde - ou essa célula perderá sua função e será metabolizada
pelo sistema imune, o que de fato seria uma maneira de emagrecer sem ter que gastar essas calorias.
Mas se a quantidade de tecido lesionada for alta, o processo inflamatório induzido por esse processo também
o será, o que pode trazer graves consequências para a saúde.

Sendo assim, se seu objetivo
é eliminar alguma “gordura localizada”, a criolipólise pode até te ajudar, desde que a quantidade de gordura seja mínima. No entanto, é fundamental que você avalie se as
consequências desses procedimentos, como o acúmulo dessa gordura em algum outro
depósito, não irão te incomodar ainda mais, pois muitas vezes “a emenda sai
pior que o soneto”.

Até a próxima!

Desire Coelho – Blog Ciência
Informa

www.cienciainforma.com.br

Bernstein.
Longitudinal evaluation of cryolipolysis efficacy: two case studies. J Cosmet
Dermatol. 2013 Jun;12(2):149-52